Mas graças àquele domingo assassino, parei de procurar pela garota.
Minha curiosidade era bastante conveniente; teve começo quando era uma fuga do tédio e teve o fim quando se tornou pior que o tédio.
O último dia do mês chegou, finalmente. Era uma terça-feira e assim que cheguei ao colégio algo me surpreendeu.
Vi Sally fantasiada e conversando com alguns alunos. Agora a escola permitia esse tipo de coisa? Se não fosse permitido eu não resistiria a dedurar aquela ali.
Quis ouvir o que falava e me aproximei, não muito para que não fosse visto por ela.
“Só precisam me procurar no intervalo que levo vocês até a sala para fazerem a ficha de vocês. Vocês não têm nada a perder. Só uma lista e pronto. Quando receberem o nosso chamado vão agradecer o dia em que foram até a sala comigo.”, Sally tentava convencer. Que ficha era essa tão preciosa?
“Eu com certeza vou te procurar. O clube de vocês é o melhor da escola. Amei a idéia que tiveram.”, disse uma aluna; mais empolgada impossível. Então é um clube... Criaram um e Yasmin provavelmente estava fazendo parte.
“Não se esqueçam desse nome: SOS Amor!”, Sally disse enquanto se afastava e já corria atrás de outros alunos.
‘SOS Amor’? Que clube seria esse? Fui até a garota empolgada.
“Oi... Ahm, como é esse clube... SOS Amor?”, fui direto ao ponto.
“Scott?!”, ela parecia surpresa. Suspirou.
“Você também vai fazer uma ficha?”, ela perguntou como se a minha resposta tivesse alguma importância. Eu ainda estava com um péssimo humor, que só tinha piorado depois do fim de semana.
“Eu lá sei que ficha é essa! Só quero saber o que o clube faz!”, fui grosseiro quando deveria ter sido gentil, já que eu que queria algo ali.
“Desculpa... É um clube de relacionamentos... Amorosos como o próprio nome diz. A ficha é para quem estiver interessado. Você pode dizer qual o tipo de pessoa que tem interesse, então elas arrumam um encontro entre os que forem mais agradáveis um para o outro...”.
“... Você também pode escolher uma pessoa para um encontro. Elas fazem mais outros tipos de ajuda, tudo que estiver relacionado ao amor. Perfeito, não?!”, ela estava empolgada demais para ficar irritada com a minha grosseria.
“Você disse que ‘elas arrumam’... Quem são elas?”
“Tem a Sally e a Yasmin que eram líderes de torcida... Você deve conhecer essas. E outra que não conheço... Mariana Vasconcello.”
Aquele nome... Aquela garota estava no mesmo clube que Sally e Yasmin.
“Obrigada.”, fui mais agradável e saí.
Eu sabia que acabaria indo até aquela sala do novo clube. Tinha enfiado a idéia irritante de ver essa garota e agora não conseguia mais me livrar disso. Só que com a Sally e a Yasmin... Isso não facilitava em nada as coisas. Elas duas me odeiam.
Também não sabia o que faria quando visse a Mariana, mas aquela vontade ficava me torturando. Precisava acabar de uma vez com isso. Se vê-la faria isso, então eu a veria o mais rápido possível.
Esperei o intervalo como um idiota ansioso que era. Apressei-me a encontrar a Sally. Quando a vi, ela estava com alguns alunos.
Eles entraram no prédio destinado às atividades dos clubes. Eu os segui. Depois entraram no elevador, mas eu não teria tanta cara de pau de subir com eles, apenas prestei atenção em que andar pararam.
Assim que pude fui até lá. Quando cheguei ao andar, não pude ver ninguém, seria muita sorte o contrário. As salas, geralmente, têm algum nome ou qualquer outra coisa que a identifique na porta.
Passei, pelas portas, observando o que identificava cada uma. ‘Quanta sorte’, pensei. Numa das portas encontrei o que procurava, claramente: SOS.
Encontrei pregado numa porta. Agora eu só precisava entrar. Não planejei o que dizer, porque apenas queria ver a garota e ir embora.
Se notassem a minha presença poderia dizer que errei a sala; nada que não bastasse. Tomei coragem e abri a porta.