13- Perfume

Meus amigos saíram por detrás das árvores.
“Ué, Scott. Pensei que fosse fazer uma coisa mais zoada... Mas fazer ela dormir?”, Leo.


“Não enchem! Sei que era o combinado, mas, como podem ver, não deu. Vou levar ela pra casa e depois a gente se vê.”.


Eles continuaram a falar, mas não dei ouvidos e saí a carregando.


Achei mais prudente chamar um taxi. Não quis chamar a atenção dos pais delas, então não fui de taxi até lá.


Parei nas proximidades e a carreguei até o final do caminho.


Ficaria mais tranquilo sabendo que ela está dentro de casa, mas não sei o que o pai dela pensaria vendo a filha desmaiada no meu colo. Por isso a coloquei num banco na varada...


... Toquei a campainha...


... E saí correndo. Confesso que fui infantil, mas foi mais seguro para nós dois agir daquela forma.


Não fui para casa. Fiquei no Parque Primavera sentado num banco qualquer.


Nunca fui de ficar admirando o céu, então fechei os olhos e os meus sentidos foram dominados pelo perfume da Mariana. Essa menina me irritava, mas... Não, não queria pensar nela.


Voltei ao ClubMix; O melhor lugar para não pensar. Estava indo à pista de dança.


“Scott Meyer, acho que temos um encontro, não?!”, era Kate. Diversão sem compromisso... Como eu amava a Kate agora. Sair do tédio sem precisar... Ótimo, lá estava eu pensando na talzinha de novo.


“Você é mais tímido do que aparenta... Olha só, não precisa ficar sem jeito. Amanhã temos aula... Seria um desperdício qualquer segundo não bem aproveitado agora. Meus pais não estão em casa. O que acha de passarmos um tempo juntos por lá?”.


“Gata, você está no comando.”. Ela apenas deu um sorriso e foi em direção à saída esperando que eu a seguisse. Sim, eu fui.


Nem os empregados estavam em casa.


Kate não era de muitos rodeios e eu estava adorando isso.


O telefone tocou. Ignoramos ou, pelo menos, tentamos. Não parava mais de tocar.


“Desculpa, Scott. Parece mesmo ser importante... Não vou demorar.”.


O quarto da Kate era bem organizado. Ela parecia gostar de vermelho. Ainda com o telefonema...


Eu estava tentando não pensar na Mariana, mas nada facilitava. Eu queria vê-la. Tê-la em meus braços mais uma vez. Tentei buscar o perfume dela em mim, mas não fui capaz de encontrar.


Será que os pais dela ouviram a campainha tocar? Será que a Mariana ainda está do lado de fora de casa?! Isso é perigoso! Se algo de mal acontecer com ela... Eu levantei e coloquei a minha blusa às pressas.


Kate não me viu saindo, o telefonema realmente era sério. Mas eu tinha algo mais importante para me preocupar.


Quando cheguei não vi a Mariana na varanda. Aquilo deveria me acalmar, mas eu fiquei ainda mais nervoso. Não estar ali não queria dizer que ela estava dentro de casa.


Eu toquei a campainha mais essa vez. Sei que era loucura, mas que eu tinha me tornado um louco já não era mais novidade para mim. Precisava ter certeza de que ela estava bem.


Por sorte foi a mãe que me atendeu.
“Scott... O que houve?? Você não parecesse bem... Entre, meu filho.”


“Mil perdões por te incomodar... Prefiro ficar aqui fora mesmo, se não for muita folga...”. Ela saiu e fechou a porta.


“Foi você quem a trouxe, não foi?”
“Aham... Mas como...”


“Como eu percebi? Não sei como ela poderia ter tocado a campainha se tem a chave e depois cair em sono tão profundo na varanda...”
“Ah! Então ela está bem?”


“Sim, Scott. O pai a levou para o quarto. Está dormindo como nunca. Obrigada.”
“Na verdade devo desculpas. Eu que estava com ela... Deveria ter agido com mais consideração e...”


“Não, meu filho. Eu te entendo e te agradeço. Mas acho que agora você deveria ir para a sua casa. Seus pais devem estar preocupados.”
“Ah, não se preocupe. Eles não se importam com essas coisas.”. Antes de ir uma curiosidade repentina se fez palavras em mim. “Ela gostou mesmo de morar aqui? Ela está feliz?”


“Hum... Acho que você deveria perguntar a ela... Você gosta mesmo dela, não é?”, aquela pergunta me pegou de surpresa.


Meu coração acelerou tanto que mais parecia que tinha parado. O que era aquilo?!