sexta-feira, 20 de novembro de 2009

14- Bloqueado

“É... O seu silêncio respondeu por você. Não precisa ficar envergonhado. Prometo que não contarei nada a Mariana sobre a sua vinda aqui... A não ser que você queira...”


“Não! Er... Não diga nada, por favor. É melhor eu ir.”.


Eu estava tão confuso... Fiquei pensando nessas coisas, deitado na cama. Eu não queria ter que pensar, mas também não conseguia dormir.


É claro que eu não gostava dela. Só voltei à casa dela, porque só eu que posso fazer mal a ela agora... Quer dizer, isso era uma vingança e deixaria de ser se algo tivesse acontecido com ela hoje.


A mãe dela não me conhece e não sabe das minhas intenções, por isso pensou errado. Ao pensar na mãe de Mariana senti inveja... Não sei por quê. E também senti culpa. Uma estranha culpa, porque não queria que a senhora Vasconcello deixasse de pensar bem de mim.


Fui assim para o colégio. Leo e Túlio apareceram. Eles queriam saber da noite com Kate.


O que eu diria?! Eu devia ter ficado na casa dela... Mas não, em vez disso, fui para a casa da azarenta adormecida!


“Scott... Você tá muito estranho, cara. Parece que foi pra outro mundo quando te perguntamos sobre a Kate...”, Leo.


“Não vê que a noite foi mesmo boa, Leo?!”, os dois ficaram rindo. Eu não podia simplesmente dizer a eles que não tinha dormido com a Kate porque saí correndo para ver se a Mariana estava mesmo em casa.


“O que exatamente querem saber?”, eu poderia valorizar os momentos e colocar a culpa no telefonema...


“Qual é Scott!”


“Já entendi. Hum... Ela é...”, eu estava para continuar, mas os dois começaram a rir.


“Falando tão baixo assim, ninguém vai te ouvir, garota.”, Túlio.


Não precisei me virar para saber quem era a tal garota. O perfume que eu sentia não era a minha imaginação, afinal. Mas o que ela fazia ali?!


Ela carregava aquela mesma postura tímida, como se soubesse que aquilo bloqueava as minhas más intenções.


Ficamos nos olhando por pouco tempo. A princípio esperava que ela fosse dizer alguma coisa, mas depois me perdi em seus olhos... Que bruxa, pensei depois que o Léo pigarreou. Ela sempre faz isso...


“Se você não tem nada a dizer é melhor voltar para onde estava. Atrapalhou uma conversa importante aqui.”, ok. Eu não devia ter sido grosseiro. Não ajuda nada os meus planos. Sabia que ela me confundiria. Ela conseguia me irritar tanto!!


“IDIOTA!!!”, agora sim era a Mariana violenta que eu conhecia.


“Sábado parecia que você estava caidinha por esse idiota...”, Túlio perdeu uma bela oportunidade de ficar calado, assim como eu. Afinal, ela não sabia que tinha platéia na noite passada.


Ela ficou mais decepcionada do que surpresa, percebi. Mas não tardou em montar uma expressão de confiante.


“Só se fosse de sono. A companhia dele estava tão ‘apaixonante’ que me fez pegar no sono!”, disse e saiu.


Agora pensando nisso... Será que estava mesmo tão chato assim? Afinal, ela dormiu. Por que ela dormiu? Aquela conversa sempre funcionou... Deve ter alguma outra explicação.


Certo que ela não é nada normal. Não tinha levado isso em conta quando fazia os meus planos... Vou ter que tentar outro tipo de abordagem. É claro que ela já deve estar interessada em mim, no mínimo.


“Terra chamando Scott.”, Túlio tentando me libertar dos pensamentos.


“Gostei da garota, Scott. Ela é estranha, mas é uma gracinha. Talvez eu possa me tornar um ‘amiguinho’ dela.”, Leo dizia e ria com Túlio.


“Não se aproximem dela!”

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