sexta-feira, 20 de novembro de 2009

30- Pronto para resolver

Foi difícil dormir naquela noite. A minha mente estava uma bagunça, para variar.


Acordei cedo no domingo, precisava cuidar da Kate. Passei pela porta da sua casa, que nunca estava trancada. Mais uma vez não vi sequer os empregados por lá.


Precisava descobrir o motivo de Kate morar tão sozinha. Ela não me contava e não era um bom momento para fazer perguntas, mas essas não eram as minhas únicas alternativas... Eu descobriria.


Não encontrei a Kate no quarto. Cheguei a procurar até na cozinha... Nada.


Subi apressado novamente para o quarto dela, fiquei apavorado um tanto sem motivos e notei a única porta que eu não havia aberto: a do banheiro.


Ouvi um som bem baixinho de água, então Kate só poderia estar ali.
“Kate, cheguei! Já tomou café da manhã? Vou preparar pra você...”. Mas não tive resposta.



“Kate?! Você está aí? Está tudo bem?! Katee?!”, eu estava, definitivamente, ficando paranóico.


Esperei alguns segundos e abri a porta. Kate estava na banheira... Ela estava com os olhos fechados e imóvel, o que mais um paranóico poderia pensar?


Fui até ela já sentindo o meu coração completamente apertado.


Ajoelhei-me, mas não ousei tocá-la.
“Kate...”, a minha voz denunciou toda a minha dor, medo e esperança. Se ela estivesse mesmo morta...



Kate abriu os olhos, um tanto dormente ainda.
Sei que tinha sido apenas um susto bobo, mas ainda assim... Como foi bom ver seus lindos olhos novamente.



Fiquei tão aliviado e contente que a beijei num impulso. Minha mente estava limpa, sem culpa, sem remorso, sem confusão... Foi assim que me senti durante aquele momento. E o que começou sendo apenas um impulso tornou-se uma escolha.


Foi Kate quem se afastou.
“Preciso terminar de tomar banho, Scott. Daqui a pouco viro peixe...”, falou como se nada houvesse acontecido. A realidade me gritou e eu agradeci, mentalmente, a reação da Kate.



Joguei-me na sua cama e toda a confusão retornou. Que idiotice eu tinha acabado de fazer? Que belo protetor eu era... Se Kate se afastasse de mim seria bem merecido.


Desci para preparar o seu café da manhã, enquanto me recriminava por toda a ceninha desde que cheguei.


Assim que comecei a colocar os pratos na mesa a Kate apareceu, sorridente como sempre.


“Scott, seu retardado! Não sabia que era do tipo que se aproveitada de garotas indefesas... Tsi, tsi...”, ela dizia brincando, mas eu não sabia como responder.


“Ah, fala sério! Vai ficar com essa cara de mané agora? Pode parando... Não estou chateada com você, se é isso que tá te preocupando...”.


“Desculpa, Kate...”, da mesma forma que era constantemente interrompido, estava constantemente me desculpando.
“Tá, tá. Quando deixar de lado o drama me avisa.”, agora ela estava se irritando. Talvez eu estivesse mesmo exagerando, mas não estaria ela também?!



Ficamos por pouco tempo em silêncio.
“Isso é dom mesmo ou você andou fazendo aula de culinária às escondidas?”, esse era um elogio da Kate.



“Não se empolgue, o meu dom é comprar pronto.”. Ela riu.


“Sei, sei, seu bobão. Vai procurar a Mariana hoje?! Acho que deve desculpas, né!”.
“Na verdade conversamos ontem à noite...”.



“Ah! E aí? Deixa de mistério e me conta logo, Cot!”.
“Ela me desculpou, mas não quer me dar nenhuma chance... E eu não vou mais insistir.”, lembrar da noite anterior não era bem o que eu queria.



“Ótimo, agora vai amarelar?! Se ela é fresca o problema é dela. Mas se você realmente quer isso, Scott... Por que desistir?!”, boa pergunta.


“Não sou bom pra ela... E acho que já tentei mais do que deveria. Melhor deixar a Mariana seguir com a vida dela que eu sigo com a minha.”.


“Ah, claro. Vai seguir com a sua vida com essa cara de chato! Não gosto de te ver assim, Cot. Eu não te incentivaria a continuar insistindo se eu não te conhecesse e se não já tivesse notado que a Mariana também gosta de você. Sabe o que tá te faltando?! Uma boa noite no ClubMix!”, Kate dificilmente falhava em me animar.


“Nem pense nisso, ruivinha! Se você estava me achando um chato grudento antes, se prepare que agora eu vou maximizar isso. Mas, sobre a Mariana... Eu realmente prefiro dar um tempo nisso.”.


“Um tempo... Se você acha que consegue, Cot, então tá. Agora me passa mais dessa delícia que você fez.”, só podia mesmo ser o efeito da gravidez, porque eu tinha me esforçado, mas aqueles ovos fritos estavam longe de ser algo delicioso.


Passei o dia todo na casa de Kate, era sempre um bom tempo usado estar com ela.


À noite, quando já estava de saída, esbarrei em um casal muito bem vestido.


Só podiam ser os pais de Kate.

2 comentários:

  1. Que capítulo.
    Novamente, Scott se preocupando com a Kate. Acho uma das coisas mais meigas que podem fazer *-*
    Da primeira vez que li, fiquei com medo que os pais da Kate fossem duros.
    Continuando >>

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  2. Infelizmente eles são bem o oposto... =/

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