22- Uma mão lava a outra...

Apaguei completamente depois disso. Quando acordei o meu primeiro pensamento foi no que ouvi Kate dizer.


Ela estava com aquele mesmo ar divertido de sempre, enquanto marcava um encontro ao telefone. Fazia a noite passada parecer apenas a minha imaginação brincando comigo... E talvez fosse mesmo.


“A bela adormecida despertou!!”, foi o seu bom dia.


“São que horas?”.


“Acho que duas da tarde...”
“Ahm?!”, não poderia ter dormido tanto.


“Relaxa que já falei com a sua mãe.”. Um cuidado desnecessário, já tinha passado mais tempo fora de casa sem avisar... Meus pais não se preocupam com o meu horário.


“Obrigado... Mas por que não me acordou?”.
“Porque eu precisava de silêncio pra pensar... Tive algumas idéias pra te ajudar com a Mari. Com você acordado isso teria sido impossível.”.


“Idéias?!”.
“Só falo depois que você lavar essa cara amassada. Um banho também seria bem vindo.”. Mesmo ansioso reconhecia que precisava de um banho.


Depois do banho, Kate adiou mais.
“Agora você precisa comer. Mas antes troca essa roupa... Lá no Café Imperial a gente conversa.”


“Kate...”
“Anda, Scott! Te dou dois minutos.”


“Sim, senhora!”, não tinha como não obedecê-la.


Troquei de roupa às pressas, se o que a Kate tinha a me dizer era mesmo uma solução eu precisava urgentemente.


Ao voltar a casa dela, encontrei Kate já montada no seu Aston Martin DBS. Obviamente, não podia dirigir, mas mesmo assim já tinha um carro e sabia como usá-lo.


Deu um salto no banco.
“Sobe aqui, garotão!”


“Quer dirigir na volta? Você vai amar essa belezura aqui.”


“Posso mesmo?”, também sabia dirigir e não temia nem um pouco ter problemas por não ter idade para dirigir.


O Café Imperial era um lugar bem agradável.


“O que desejam?”, garçonete.
“Não estou com fome... Vou ficar só com um copo de refri, por favor.”.


“E a senhorita?”, a garçonete se dirigindo a Kate.
“Quero o número seis... O três, acho que o quatro também... Ah, e uma porção dupla de batatas.”. Como aquela menina tão pequena e magrinha podia comer tanto?!


“O que foi?! Estou com fome...”, respondeu devido a minha expressão de espanto.


“Será que agora posso saber quais são as suas idéias?”


“Ah, sim! Bem... Fiquei pensando... Não é nada demais e nem sei se vai dar certo, mas já é uma tentativa, não é mesmo?! Pois bem, elas não fazem parte do clube SOS Amor? Perfeito... Você vai lá procurando ajuda.”


“Kate, você só pode tá brincando...”.


“Pensa bem, Scott. Elas não podem simplesmente negar ajuda sem arrumarem problema com a diretoria. Só sei que todos que vão atrás da ajuda delas saem satisfeitos... Devem ser mesmo boas no que fazem. Devia tentar. Alguma ajuda vai ter.”


“Não sei, Kate... Isso seria mais difícil pra mim do que pode imaginar.”
“Você é o desesperado aqui. Melhor do que ficar levando fora da Mariana o tempo todo. Vai à luta, cara!”


Os pedidos chegaram.
“Sério que vai aguentar comer isso tudo?”


“Ain, Scott... Agora que você falou... Esse cheiro...”, Kate estava claramente enjoada.


Levantou e saiu apressada até o banheiro. Fui atrás, preocupado.


Depois de pouco tempo voltou.
“Desculpa, Scott. Ultimamente ando fresca com comida.”


“Já aconteceu isso antes?”


“Ah, nem vem com essa cara de preocupado. Estou bem.”


“Não. Você cuida dos meus problemas e eu cuido dos seus. Se for alguma coisa mais séria não vou me perdoar depois. Vamos ver isso com algum profissional.”, ela fez cara de irritada com a minha atitude, mas não deixou de ir comigo ao hospital.


Podia ser mesmo alguma besteira, mas imaginar que também podia ser algo mais grave... Não me fazia nada bem. Sorte nossa ter quase ninguém na espera.


O doutor deu uma olhada nela.


“Peço que faça esses exames. Em dois dias já poderá ter o resultado.”


“É grave, doutor?”.