Podia ter sido o cão que fosse por toda a minha vida, mas nada disso justificava o tratamento que recebia da Mariana. De quantos outros foras eu iria precisar para entender que eu e ela nunca seriamos um casal? Ser idiota tinha limite e o meu gritava.
Voltei a minha atenção completamente para Kate e assim foram passando os dias. Já não sabia o que acontecia com a vida da Mariana e não me importava, de verdade. Acho que de alguma forma transformei todo aquele carinho em indiferença.
Era mais outro sábado dia vinte e sete. Faltava menos de uma semana para que Kate viajasse. O tempo passava com muita pressa e o que eu sentia pela Kate aumentava da mesma forma.
Os pais dela não estavam em casa, por isso permitiu que eu a visitasse. Vestia apenas uma camisola e estava sentada no sofá de seu quarto.
Assim que me viu abriu o seu belo sorriso e veio apressada em minha direção.
Abraçou-me como se não nos víssemos há anos, sendo que tínhamos nos visto no dia anterior na escola.
“Está tudo bem com você, Kate?”.
“Deixa de ser bobo e me conta os seus planos de férias.”, disse voltando a sentar-se. Férias... Como eu poderia pensar em diversão com a Kate em outro país?!
“Então você vai mesmo...”.
“Você sabe que sim, Cott... Já no dia trinta...”. Só no próximo ano voltaria a vê-la de acordo com os seus planos. A verdade é que eu sempre soube que um dia ela se afastaria.
Não me arrependia de um minuto sequer ao seu lado. Mas tinha algo de que eu me arrependeria caso não fizesse naquele exato momento. Viver arrependido não combinava comigo.
“Kate, tem algo que quero te dizer faz algum tempo...”, era difícil encontrar as palavras certas; não havia planejado aquilo.
“Não tem uma vez em que eu esteja ao seu lado sem querer te beijar... Mais do que isso, Kate... Não existe outra pessoa nesse mundo que me deixe tão feliz quanto você. Me sinto tão bem ao seu lado... Como se fosse certo estar com você... Como se fosse não, é certo, eu sei que é. Não sei como vou ficar sem você...”, não consegui falar mais. A imagem da Kate indo embora me destruía.
Kate pulou no meu colo num abraço forte e carinhoso. Ainda lembro-me do seu coração com batidas aceleradas próximo ao meu.
“Cott, você é tão bobo e confuso. Eu vou sempre te amar, sabe?! Acho que vou sempre olhar pra você e sentir o ar faltar... E sei que um dia você vai encontrar a garota que te amará como você merece...”.
“Talvez em outra vida eu seja essa garota, Scott e talvez tudo dê certo entre a gente... Mas não nessa vida, Scott, não nessa. Mesmo que um dia não tenhamos mais essa amizade tão linda...”, Kate não era do tipo de chorar em momentos como esse, mas podia perceber o quanto estava sendo difícil para ela continuar a falar.
“Mesmo que um dia ela deixe de existir, Scott... Nunca me esquecerei de você e do quanto foi perfeito o tempo que passamos juntos.”.
Ela saiu do meu colo e ficou de pé.
“Vou me arrumar num instante e vamos sair. Tenho pouco tempo em Primavera e quero aproveitá-lo com você! Prometo que não demoro.”, com o mesmo sorriso lindo de sempre. Como ela conseguia?
Não levou quinze minutos e estava arrumada. Passamos o dia em vários lugares da cidade. Sem tristeza, já com muita saudade, mas aproveitando cada segundo ao seu lado.
Passamos assim os dois dias seguintes. Esqueci de cobrar o seu repouso, mas também não fizemos nada que exigisse demais dela.
Assim que levantei da cama no dia trinta, fui apressado para a sua casa. Não fui à aula. Queria aproveitar mais aquele tempinho antes da sua viagem. Fiz como sempre fazia: passei pela porta que nunca era trancada, subi as escadas e fui para o quarto da Kate.
Ela não estava lá e em nenhum outro canto da casa. Nada de pais. Nada de empregados.
Não tinha o que fazer naquele lugar sem a Kate. Saí de lá e voltei para a minha casa. Foi quando o telefone do meu quarto tocou. Era ela.
“Sabia... Se você sair agora ainda pega o segundo horário, Scott.”.
“Segundo horário?!”.
“Não se faça de desentendido. Não pense que só porque estou longe que você pode matar aula. Trate de se arrumar agora mesmo e ir!”.
“Sim, senhora!” ela não quis despedida e de certa forma nem eu queria e essa ligação era um ‘me desculpe por isso’ da Kate.
Fiz a vontade da Kate e fui para a escola.
Podia não ter dado certo as coisas entre eu e a Mariana... Podia não ter mais a presença da Kate... Mas nunca serei capaz de agradecê-las por terem me mostrado um mundo que vai além de popularidade e noites no ClubMix.
Os meus dias, que até então giravam ao redor da Mariana e da Kate, precisariam de um novo rumo. O que eu queria?! Apenas sentir cada dia, cada noite... Sentir a vida e aproveitá-la.
Como eu faria isso?! Não tinha a menor ideia, mas descobriria...
Último capítulo *-*
ResponderExcluirNossa, me lembro da primeira vez que li. Foi emocionante. Quando terminei de ler me deu um frio na barriga, parecia que algo precioso acabou. Mas logo, quando vi que já tinha uma segunda temporada fiquei extremamente feliz.
Um dia, em um lugar pequeno, em um dia qualquer, tenho fé de ver o Scott e a Kate juntos. Até lá, ficarei esperando.
Sabe Suh, meu parabéns. Obrigado por escrever coisas tão bonitas, ou melhor, coisas tão reais.
Enfim, foi isso néh?
Até a próxima temporada ~
BF, você precisa parar com isso... Coisa feia me fazer chorar.
ResponderExcluirÉ tão bom saber que minhas palavras te alcançaram desse jeito, BF. Faz todo o trabalho ter valido a pena.
Muuuito obrigada!!