sexta-feira, 20 de novembro de 2009

17- Um anjo

“Kate?!”.


“Oi, Scott. Vim ver como você está.”, não fiquei incomodado por ela não ter batido na porta. De uma forma estranha, fiquei feliz por vê-la.


“Ahm... tô bem...”.


“Não, você não tá bem. Já imaginava e por isso mesmo vim. Você nunca faltou um treino antes. Fora que hoje, na saída do colégio, tava muito distraído... Triste, notei. Comecei a falar sobre ETs e duendes... Você não tava ouvindo...”, falava como se fossemos velhos amigos.


“Assim você me deixa sem desculpas, Kate...”. Ela riu.


“Ontem... O telefonema... Bem, era a mãe da Chloe. Não posso mais me aproximar dela. Parece que a minha “boa fama” chegou até os ouvidos da mãe e pronto. Sou uma má influência. Chloe até saiu da torcida. Era a única amiga que tinha...”, ela desabafou e ria, mas seus olhos eram tristes.


“Eu sou a última pessoa que você deveria procurar pra te ajudar, Kate.”
“Oh... Não, não... Não estou desesperada a esse ponto, Scott. Só fiz uma confissão, porque assim você fica me devendo uma.”



“Ah... Acho que você esqueceu que...”, ela não me deixou terminar.


“Nem vem! Pula essa. Tenho certeza de que você não tem muita gente disposta a te ouvir e te levar a sério, Scott. Então só aproveita que...”, também não a deixei terminar.


“Você fala muito. Pensei que quisesse me ouvir...”, ela sorriu e esperou que eu continuasse.


“Bem melhor assim.”
Sentamos no chão.
“Ontem eu não saí porque me sentia mal, acho que foi a desculpa que usei...” fiz uma pausa.



“Ah... Scott, você tá com uma cara... Já vi essa expressão muitas vezes para não saber do que se trata. Vou ter que implorar pra você me contar o nome dela?”, era tão óbvio assim?


“Qual é, Scott! Você sabe que as coisas não precisam ficar estranhas entre a gente...”, nunca tinha notado aquele ar divertido que Kate tem. Ela é ‘leve’. Sentia-me agradecido por ela ter me procurado.


Eu precisava gritar sobre a Mariana. Fazer com que o mundo soubesse o que sentia. E Kate estava fazendo isso parecer tão mais simples. Não sei se ela é realmente confiável... Mas, exatamente agora, não me importo. Poder desabafar é tudo o que mais quero.


“Mariana Vasconcello...”, foi libertador poder finalmente dizer em voz alta o nome da garota que não saia da minha mente.
“A filha do treinador? A nova amiguinha da Yasmin?!”, ela estava impressionada e achava graça desconhecida para mim.



“Então você sabe quem é...”


“Sei muito bem. Ao menos foi se apaixonar por uma garota bonita.”, agora ela gargalhava, fiquei até um pouco arrependido por ter contado.


“Desculpa, Scott. Só que estou achando isso muito divertido. Conheço você desde de sempre. E ela tem o mesmo perfil dos pobres coitados que você tanto infernizou... Acho que isso só prova que o mundo dá mesmo voltas... Te jogaram uma praga muito boa.”


“Isso porque você estava preocupada comigo... “
“Ok, ok! Mas ainda acho que você também podia rir disso tudo... Sabe, eu posso te ajudar, Scott.”



“Você me ajudando?! Pensei que estivesse com problemas por ser uma má influência.”, ela havia desejado que eu risse...


“Golpe baixo. Só não se esqueça que nós dois não prestamos.”, enfatizou o ‘nós dois’. “Mas tenho a vantagem de ser mulher. E se você considerar isso só por um segundo, vai querer a minha ajuda.”


“Boas pessoas ajudam. Pessoas como nós, definitivamente, não. O que você tá querendo, eheim?!”


“Ah, fala sério! Já deveria saber que não curto essas coisas de segundas intenções. Vou sempre direto ao ponto, Scott. Quero te ajudar e pronto. Ou então você pode ir até o clube SOS...”, isso é uma verdade. Mas imaginar alguém querendo me ajudar sem ter nenhum retorno... É muita informação num dia só.


“E como você pode me ajudar?”
“Com idéias perfeitas e pra isso preciso que me conte tudo o que sabe sobre ela...”.



Contei sobre todos os encontros desastrosos que tive com a Mariana.


Eu e Kate podemos ter uma fama nada elogiável, mas são por motivos bem diferentes e por isso não temia ao contar toda a minha angústia.


Enquanto a minha fama é de torturador de alunos...


... A fama da Kate é de ter dormido com todos os seres do sexo masculino de Primavera. Uma fama exagerada, mas isso não diminui a lista da menina...


Eu, com certeza, nunca tinha conversado tanto com alguém antes.


Teve momentos em que pensei que Kate fosse enfartar de tanto rir.


Para compensar me contava situações embaraçosas dela, o que valia boas risadas.


Só nos demos conta do tempo quando a luz da nova manhã bateu na janela.


“Isso explica a fome monstruosa que estou sentindo.”
“Vem comigo ver o que temos pra comer.”



Era sábado. Eu e Kate tínhamos a mesma tristeza com a idéia de desperdiçar um sábado dormindo. Mesmo porque não estávamos cansados, tínhamos o costume de passar noites em claro.


Um dia na praia foi o que combinamos.


Em nenhum momento passou pela a minha mente a quantidade de surpresas que esse dia tinha reservado...

2 comentários:

  1. Kate *-* Me lembro que desde a primeira vez, sempre achei ela uma graça. Um anjo como o próprio título sugere.
    Ele merece um temporada só dela, ham?
    Continuando>>

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  2. Merece mesmo. Mas os narradores já foram decididos... Penso em fazer um especial com ela. Quando tudo terminar. =3

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