quinta-feira, 19 de novembro de 2009

12- Sonhe comigo

“Espero que ele não me chateie mais agora...”, pensei alto propositadamente.


“Então vocês dois combinaram isso?”
“Ele queria ajuda...”


“Não sabia que era amigos...”
“Não somos. Então... Quer beber alguma coisa?”. Estava sendo mais difícil me concentrar do que havia imaginado. Ela usava um perfume tão agradável...


“Não, estou bem. Você não precisa ficar aqui comigo. Vai aproveitar com as suas ‘amiguinhas’!”. Mesmo sabendo do que ela era capaz era tão engraçado ver aquele rosto delicado se irritando. Ri.


“Você é mesmo uma mal educada, não?! Não vou te deixar sozinha. Não sou desse tipo.”, uma mentira deslavada, afinal, sou daí pra pior.


”Eles ainda vão levar um tempinho conversando... Você não quer beber, então, que tal dançar?!”, já previa a resposta, mas não morreria por tentar.


“Ah... Eu não danço.”, aquele rosto envergonhado confundia as minhas intenções.


“Imaginei... Então só nos resta esperar o tempo passar, não?!”
“Já disse que você não precisa ficar aqui comigo.”. Que garota mais difícil! Resolvi ignorar aquela resposta.


“Sei que você é nova na cidade. Por que saiu da antiga?”, fiz a minha lição de casa.
“Ah-h... O emprego dos meus pais...”, ela ficou surpresa com a minha pergunta.


“Hum... Gostou daqui?”
“Amei! Na outra não tinha amizades e aqui tenho as meninas... Elas são maravilhosas.”, os olhos dela brilharam quando falou das amigas.


“Que bom que está se dando bem por aqui...”, fui espontâneo e sincero ao desejar e não sei porquê.
“Você deve amar, não é?! Popular e tudo mais...”.


“Se você diz...”.
“Falando assim faz parecer que não gosta.”



“Não é isso. É só que eu ando um tanto cansado disso tudo...”, mais sinceridade escapando dos meus lábios.
“Logo você?!”, a surpresa dela me incomodou. Não queria continuar falando sobre mim.



“Mas por que não tinha amigos na outra cidade?”


“Acho que pelo meu jeito de ser. De qualquer forma, eu não tinha a menor intenção de ter amizades. Sempre preferi ficar no meu canto com os meus estudos.”. A nossa diferença era gritante. Fiquei um pouco triste quando me dei conta disso. Tudo o que ela falava me afetava mais do que gostaria.


“Posso imaginar...”
“Soube que você é meio irmão do Jack...”, não deixei ela terminar.
“É.”


Silêncio.


“Eles estão demorando, não?!”, não era a minha intenção manter aquele clima de velório.
“Scott, você está muito estranho...”.



“Como assim?”, não chegamos a nos conhecer, o que fazia aquele comentário estranho, pelo menos, pra mim. Ela não me respondeu, fiquei curioso, mas aquele silêncio fez a minha má intenção retornar.


“Aqui é tão barulhento.”, Mariana parecia tonta ao falar. Esse comentário era tudo o que eu precisava.


“Por que não vem comigo pro parquinho logo aqui atrás?!”.
“Não acho uma boa idéia...”



“Posso não ser o melhor cara do mundo, mas nem por isso sou um psicopata...”. Ela riu com o meu comentário e aceitou.


Saímos do ClubMix. Sentamos num dos banquinhos.
“A Yasmin vai ficar preocupada. Deveria ter ficado e esperado por ela.”, ela parecia cansada.


“O barman vai dar o recado e ela não vai se preocupar. Você disse que preferia lugares calmos, então aqui estamos.”
“É... Assim é bem melhor.”



“Sabe, Scott, você não é tão idiota quanto pensava.”. Isso foi um elogio?!
“Ah...”



“Desculpa. Eu também não estou sendo nada simpática.”. Eu estava planejando magoar aquela garota e ela pedia desculpas...
“Sem problemas... Que dançar?”. Ela riu... A minha respiração ficou desajeitada.



“Você está falando sério? Eu não dancei lá, onde tinha música, imagina aqui.”
“Por isso mesmo. Lá estava cheio e aqui estamos sozinhos. Podemos errar a vontade.”. Ela riu de novo e eu estava começando a procurar motivos para adiar o plano que tinha.


“Não sei dançar...”, disse envergonhada.


“Vem cá... Só me seguir. Uma música lenta.”, a puxei para perto de mim.


Comecei a guiar os passos da dança.
“Gostei de conhecer esse seu lado...”, Mariana.


Por que ela tinha que parecer tão frágil? Não encontrava mais forças para continuar com o plano. Mas o Leo e o Júlio estavam logo atrás das árvores, como o combinado, esperando mais um mau exemplo. Eu ainda tinha uma imagem a manter e não iria... Não podia e nem teria cabimento destruí-la por causa da garota que me confundia.


“Foi muito bom passar esse tempo com você, Mariana. Você é...”, não precisei mentir, mas antes de terminar a frase ela se desmontou nos meus braços.


“Mariana? Mariana...?”. Ela estava desmaiada ou dormindo? A segurei... Tão leve quanto parecia.

2 comentários:

  1. Achei o capítulo bem envolvente.
    Estive imaginando como seria danças com alguém e do nada ela cair no sono. Foi bem cômico.
    Até imagino o desespero do Scoot.
    Continuando>>

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  2. kkkkkkkkkkkkkk
    Esses dois junto só me fazem rir, BF. FATÃO!

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